LUIZ ESCAÑUELA
A arte é frequentemente percebida como uma forma de distanciamento da realidade, uma chave para desvendar algum significado oculto no mundo que nos rodeia. Isso não é totalmente verdadeiro para gêneros de arte como o hiperrealismo, onde a linha entre realidade e arte é praticamente apagada nas pinturas e esculturas que esses artistas criam. Vários ramos do realismo estão claramente focados na produção de arte que se assemelhe a uma imagem da vida real, alguns deles indo ainda mais longe.
Considerado como um avanço efetivo do fotorrealismo, o estilo ainda recém-desenvolvido contém algumas diferenças sutis em relação ao seu antecessor. Os fotorrealistas visavam reproduzir as fotografias com a maior precisão possível, de modo que o olho humano não pudesse distinguir entre a pintura original e a resultante, enquanto os hiperrealistas levaram a técnica ainda mais longe. Eles desenvolveram maneiras de incluir narrativa, charme e emoção na pintura, não deixando-a sem “personalidade” como fazem alguns trabalhos de fotorrealismo.
Brevemente conhecido como Superrealismo, o Hiperrealismo esteve nas bases do trabalho fotorrealista dos Estados Unidos do final dos anos 1960, mas para chegar ao nível de hiper, deve-se ir além do nível antecessor, o que é exatamente o que os artistas do hiperrealismo fizeram. Foi dessa forma que os hiperrealistas se extraviaram para além de uma linha antes imposta como arte, onde seu trabalho se tornou um exemplo de habilidade, confundindo os limites entre realidade e arte e abrindo caminho para uma nova expressão hiperartística.
Foi dentro dessa nova escola da arte que surgiu o artista Luiz Escañuela, nascido em 1993, na cidade de São Caetano do Sul. Desde os 6 anos ele pratica os desenhos de observação e a dinâmica das cores. Formou-se em design gráfico e concebeu sua primeira série de trabalhos autorais aos 20 anos, quando começou a estudar artes visuais. Nos seus estudos, Escañuela aprofunda-se nas teorias da arte contemporânea, desenvolvendo uma linha de investigação onde passa a utilizar a sua técnica a favor das narrativas conceituais.
Seu trabalho toma como principal diretriz os detalhes da técnica hiper-realística com óleo aliada a experimentos teóricos de representação anatômica, inserindo-a em novos contextos e lugares. A artista utiliza a representação como instrumento que converge com a iconografia brasileira para o desenvolvimento de novas narrativas visuais.
Ao trabalhar com o artesanato da técnica junto com os temas da denúncia, a obra converge para possibilidades de fascínio e reflexão que a pintura figurativa e realista ainda desperta nas pessoas, sejam elas entusiastas ou leigas da arte. Tensionando as fronteiras entre o micro e o macro e as características dialéticas entre o corpo e seu ambiente, o trabalho deste autor propõe a concepção do ser humano como espécie e ser social, buscando as propriedades da pele e do corpo em justaposição a história, iconografia e cartografia brasileira.
Para Escañuela, o artista precisa estar atento às problemáticas de seu tempo ao investigar a produção de outros tempos, analisando as possibilidades de propor o novo e o disruptivo, e é assim que ele desafia as fronteiras entre a arte a realidade.
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